×
Dia das Mães

No curral, no palco e na dança: mães e filhas celebram o poder da arte no Amazonas

Talento e paixão pela arte unem mães e filhas no Amazonas, criando um legado familiar

(Fotos: Acervo pessoal/ Sarah Margarido/Arte - Luana Goes -Em Tempo)

No Dia das Mães, o talento que atravessa gerações e transforma laços familiares exalta o legado cultural no Amazonas. Histórias como a de Valentina Cid, sinhazinha da fazenda do Boi Caprichoso, e de duas atrizes amazonenses, que herdaram das mães a paixão pelos palcos e pela comunicação, mostram como o amor e a iração materna ultraam o convívio do lar e marcam presença no cenário artístico.

Talento é herança no curral azulado

Na imagem, Karina Cid, a primeira sinhazinha do Caprichoso junto com Valentina Cid, atual item 7 do boi da sa (Foto: Acervo pessoal)

Filha de Karina Cid, que brilhou como a primeira sinhazinha da fazenda do boi Caprichoso nos anos 90, Valentina cresceu cercada pela magia do boi-bumbá. Desde os seis anos, impulsionada pelo encanto das toadas e pela convivência intensa no curral do boi azulado, ela se apaixonou pela dança e pelo Festival Folclórico de Parintins.

A lembrança mais marcante veio em 2017, quando mãe e filha dividiram o palco na estreia de Valentina como sinhazinha e um simples gesto fez o momento ser eternizado na memória da jovem.

“Ela ou a sombrinha para mim no palco, foi uma surpresa, porque era a gravação do DVD do Caprichoso. Isso marcou muito porque foi como ar o bastão, o apoio dela foi essencial no meu primeiro ano como sinhazinha”, conta.

Orgulhosa, Valentina descreve a mãe como guerreira e inspiração: “Ela já foi uma grande figura do boi, hoje é eternizada por isso. Eu tenho muito orgulho dela, não só pelo que ela fez no Caprichoso, mas por ser uma mãe amorosa e dedicada no que ela faz. É um privilégio ter ela por perto”, completa.

‘Filha de peixe, peixinha é’

Na imagem, Julia e sua mãe, Norma Araújo (Fotos: Sarah Margarido)

A atriz Júlia Kahane cresceu entre coxias, câmeras e refletores, onde aprendeu cedo que arte era muito mais que profissão — era destino. Ela é filha de Norma Araújo, a icônica ‘Manazinha’, atriz e apresentadora de televisão no Amazonas.

“Eu venho de uma família de artistas, isso fez muita diferença na minha trajetória. Desde pequena, eu montava teatros em casa para minha mãe, para o meu pai, para o meu avô. Eu não sabia exatamente o nome do que eu queria ser, mas já existia ali essa paixão, essa vontade de me expressar”, relata.

Criada entre ensaios, gravações e conversas sobre arte e cultura, ela entendeu cedo que o palco não era apenas um espaço de apresentação, mas também de pertencimento. “Filho de peixe, peixinho é, né? No resumo da ópera, não tinha como ser diferente disso”, brinca, com carinho.

A influência de Norma foi fundamental para moldar a artista que a filha se tornou. A mãe, que marcou o teatro amazonense com atuações inesquecíveis, como em “Carmen de La Zone”, e que chegou a atuar na novela Bambolê, da Globo, nos anos 80, sempre foi uma figura de coragem e persistência para a filha, sua maior iradora.

“Minha mãe me inspira pela coragem e irreverência. Hoje a gente fala em resiliência, mas ela sempre teve essa força para enfrentar os desafios da carreira artística”, explica.

Hoje, enquanto trilha seu próprio caminho, Júlia reconhece que parte do seu sonho também carrega ecos do sonho da mãe. “Sinto que, ao mesmo tempo que realizo um sonho meu, eu reverbero numa realização dela, porque ela acredita tanto no meu trabalho que é como se fosse um pouco dela também”, completa.

E no Dia das Mães, a atriz faz questão de deixar um recado emocionado: “Obrigada por acreditar em mim mais do que eu mesma. Eu não sei onde estaria se não fosse minha mãe. Ela me apoia, me desafia, me incentiva. Isso faz toda a diferença”, expressa a artista.

Um legado de arte que atravessa gerações

À esquerda, Aline Cassiano, sua mãe e sua filha compõem a foto. Na imagem à direita, a atriz está caracterizada d euma personagem (Fotos: Acervo pessoal)

A trajetória de Aline Cassiano se assemelha à de Júlia, mas com a diferença de que a sua mãe, hoje, com 75 anos, continua atuando.

Antes de tudo, a história dela é uma linhagem artística que começou nos palcos e floresceu no coração de três gerações. Filha de uma atriz que desbravou o teatro nos anos 1970, Aline cresceu nos bastidores das artes, rodeada por um universo de criatividade, crítica e paixão. “Eu sou filha de artista”, conta.

A filha de Aline, à esquerda, contracenando com a avó Anmara Ma Gyan (Foto: Hamyle Nobre)

“Minha mãe, que hoje tem 75 anos, foi indicada no ano ado como melhor atriz infantil no Festival de Teatro do Amazonas 2024. Ver ela no palco, sendo aplaudida, foi emocionante. Acho minha mãe uma atriz completa, perfeita. Sempre irei muito ela”, declara Cassiano ao Em Tempo.

Embora no início de sua juventude não planejasse seguir carreira no teatro, foi naturalmente puxada para ele. “O teatro me escolheu. Eu aprendi a ser um ser humano melhor através da arte”.

Nova história

A tradição não parou por aí. A filha de Aline, hoje com 20 anos, também trilha um caminho no mundo artístico. Começou no balé, migrou para o jazz, e hoje integra uma premiada companhia de danças urbanas, além de ter experiências no teatro musical.

Para a atriz amazonense, ver a filha seguir os mesmos os é motivo de orgulho e inspiração. “Diferente de mim, ela sempre confiou muito no próprio talento. Eu sempre incentivei que ela fosse uma referência para outras meninas manauaras”, pontua.

Esse trio — avó, mãe e filha — personifica um ciclo de resistência e potência artística. Para Aline, o maior aprendizado vindo de sua mãe é que a arte não tem idade, nem limite para sonhar. “Minha mãe teve que dividir a arte com outras profissões para sustentar a família. Eu me sinto privilegiada de ser filha dela e de poder, hoje, viver mais intensamente a arte. Eu aprendi com a história dela.”

No fundo, para essa família, a arte é mais do que uma profissão: é uma herança viva, um elo de afeto e transformação, que conecta gerações e transforma vidas — inclusive as vidas de quem assiste da plateia.

Leia mais:

Mães são 67% das empreendedoras no Brasil

Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, e nosso canal no WhatsAppClique aqui e junte-se a nós! 🚀📱

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *