A BR-319 não é apenas uma rodovia: é a ligação entre parte da Amazônia e o resto do Brasil. Abandonada há décadas, a estrada que conecta Manaus a Porto Velho e atravessa mais de 800 km de floresta, se transformou num símbolo cruel do descaso federal com a população amazônida.
Em vez de progresso, o que se vê é abandono. Em 2022, duas pontes colapsaram — entre elas, a do rio Curuçá, que matou oito pessoas. Na última semana, uma arela improvisada cedeu e deixou dezenas de pessoas ilhadas. São tragédias anunciadas que não podem mais ser tratadas como acidentes. São resultado direto da negligência com uma infraestrutura essencial.
Enquanto o Brasil avança em grandes obras no Sul e no Sudeste, a BR-319, dentre outras obras na Amazônia, segue emperrada entre burocracias ambientais, omissões políticas e decisões que ignoram o povo.
Segundo o DNIT, mais de 70% da estrada está em situação precária. Um dos trechos mais críticos vai do KM 255 ao KM 655 — o chamado “trecho do meio”, um interflúvio entre os rios Purus e Madeira.
Durante o inverno amazônico, a área se transforma em lamaçal, e é comum que veículos e até pessoas precisem de ajuda para atravessar. Esse trecho ainda aguarda liberação para pavimentação — um atraso que custa caro: vidas, alimentos mais caros, combustíveis inviáveis e isolamento de comunidades inteiras.
É preciso lembrar: 13 municípios dependem diretamente da BR-319. É por ela que chega o remédio, a comida, o socorro. Quem mora em Careiro, Humaitá, Tapauá ou Beruri sabe que a estrada não é luxo. É sobrevivência. Os fretes sobem até 40% por causa das más condições da via. O direito de ir e vir, garantido pela Constituição, é diariamente violado com atoleiros, pontes de madeira e improvisos.
Não se trata de escolher entre o meio ambiente e as pessoas. É possível fazer as duas coisas com responsabilidade. O que não dá é continuar fingindo que a população não existe. O EM TEMPO defende com ênfase a revitalização total da BR-319, com estudos ambientais sérios, transparência nos contratos e participação popular.
O senador Plínio Valério acusa o Ibama e ONGs ambientalistas de travarem a pavimentação com entraves ideológicos e dados distorcidos. Para ele, a rodovia é essencial para garantir o direito de ir e vir, reduzir o custo de vida e integrar comunidades isoladas.
“Enquanto a estrada não sai, a população paga com vidas e isolamento”, diz o senador.
Negar a estrada é negar o povo. É manter um pedaço do Brasil fora do mapa do desenvolvimento. A BR-319 precisa sair do papel e voltar a cumprir sua função: unir o Amazonas ao país, com dignidade, segurança e respeito. Não se vive de promessas. Vive-se de estrada pavimentada, ônibus ando, remédio chegando e comida com preço justo.
É hora de reconstruir a BR-319. Pelo povo da floresta. Pelo direito de ir e vir. Pela Amazônia que quer existir — e resistir — com dignidade.
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