Manaus (AM) – Em um cenário global onde o controle da cadeia fria de medicamentos tornou-se indispensável, o Amazonas representa um dos maiores desafios logísticos do Brasil — e, justamente por isso, um território estratégico para inovações em rastreamento e monitoramento de fármacos.
Com temperaturas elevadas, trechos fluviais de difícil o e infraestrutura limitada em regiões remotas, a demanda por tecnologias que garantam a integridade de vacinas e remédios durante o transporte vem crescendo exponencialmente. Neste contexto, a health tech Pharmalog S.A., que atua em Manaus desde 2021, vem se destacando nacionalmente com soluções de rastreamento em tempo real, monitoramento de temperatura e qualificação de veículos e embalagens.
A empresa já investiu mais de R$ 4 milhões na capital amazonense e foi peça-chave na logística de vacinas contra a Covid-19 em áreas remotas do estado no período da pandemia. Para explicar melhor como funciona esse sistema, o Em Tempo conversou com o CEO da empresa, Luiz Renato Hauly.
Soluções avançadas de monitoramento

Segundo o empresário, a startup desenvolve sensores e softwares próprios para o rastreamento de temperatura, umidade e localização dos medicamentos durante o transporte. Além disso, oferece um portfólio completo, que inclui monitoramento em tempo real da cadeia fria; certificação de qualificação térmica de veículos e caixas; plataforma digital integrada com dashboards analíticos; sensores com conectividade global (sem dependência de sinal local), entre outros serviços.
O diferencial, segundo o executivo, está na união entre engenharia eletrônica, software e inteligência logística, fatores que têm garantido resultados positivos no Amazonas.
“O Brasil talvez seja o país com o maior desafio climático para o transporte de medicamentos. Nós temos situações extremas tanto no Norte, com a floresta amazônica, quanto no Sul, com enchentes que fecham rodovias. E o monitoramento é o primeiro o, porque você não controla aquilo que não monitora”, destacou.
Expansão e desafios
A startup está presente em 11 estados brasileiros, com planos de expansão para outros mercados na América Latina. Atua em parceria com universidades e centros de pesquisa, além de participar de programas de aceleração e fomento à inovação, como o Sinapse da Inovação Amazonas e iniciativas da Fapeam.
Apesar do bom acolhimento no ecossistema de inovação do Amazonas, consolidar a empresa como referência em rastreamento de medicamentos exigiu superar barreiras culturais e mercadológicas.
“Do ponto de vista da região onde estamos instalados foi muito positivo. Fomos muito bem amparados. O ecossistema digital, a Associação do Polo Digital, a PDM, a Zona Franca de Manaus, o Distrito Industrial — todos foram fundamentais. Mas, do ponto de vista do nosso negócio, que é oferecer soluções para boas práticas de armazenagem e distribuição de medicamentos, o principal desafio foi cultural. Eu costumo dizer que vendemos essa tecnologia como a airfryer era vendida nos anos 2000: algo novo, que ainda gera receio”, explicou o empresário.
Ele ressalta que, embora o monitoramento digital da cadeia fria já seja amplamente adotado fora do Brasil, a prática ainda engatinha no país — e só começou a se expandir com a entrada em vigor da RDC 430 da Anvisa, em março deste ano.
“Hoje, a checagem de temperatura ainda é feita, em muitos lugares, com termômetro off-line e prancheta. Quando muito, esse dado é digitalizado. Mas não gera uma análise gerencial de qualidade. O que mostramos é que a tecnologia já está ível e é mais barata do que pagar o tempo de um profissional para fazer o ‘cara-crachá’ no termômetro. Nosso papel, além de vender, é institucional — ajudar toda a cadeia, pública e privada, a entender que essa mudança é possível”, completou.
Parcerias estratégicas
A empresa atua principalmente no setor privado, mas, recentemente, iniciou conversas com as secretarias estaduais e municipais de saúde.
“Nós atuamos majoritariamente com empresas privadas. Hoje, boa parte dos hospitais de Manaus utilizam a tecnologia manauara da Pharmalog para monitorar seus medicamentos. O Hospital Check Up, o Hospital Adventista, o Hospital Santa Júlia. E essa é a realidade também no restante do Brasil. Recentemente, abrimos diálogo com as secretarias públicas do Estado e do município de saúde e estamos construindo um projeto-piloto para monitorar a logística de medicamentos, tanto do Estado quanto do município”, detalha o CEO.
Com foco na escalabilidade do negócio, a empresa aposta em um modelo de receita recorrente e mira um salto expressivo no faturamento nos próximos anos.
“O nosso plano estratégico é fechar o ano de 2025 com uma receita anual recorrente de R$ 2 milhões. Então, a gente prevê faturar em 2026 uma receita recorrente anual de R$ 5 milhões. Eu digo o ARR, que é a receita recorrente anual, porque é o nosso modelo de negócio, inclusive é um diferencial de modelo de negócio para investidores. A gente tem uma recorrência, os clientes nossos pagam uma de um plano mensal, mas os contratos são, no mínimo, anual”, completa.
Como funciona a tecnologia?
A tecnologia consiste em sensores IoT instalados em locais como geladeiras de medicamentos. Esses dispositivos transmitem dados em tempo real sobre temperatura, umidade, vibração, luminosidade e geoposicionamento para a plataforma Pharmalog Cloud.
“Assim, o cliente recebe relatórios, gráficos e alertas instantâneos quando algo sai da temperatura ideal — tudo na palma da mão”, finaliza.
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